O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou a solenidade do
lançamento do 3º Programa dos Direitos Humanos e de entrega de prêmios
para voltar a defender a candidatura da ministra-chefe da Casa Civil,
Dilma Rousseff, à Presidência da República. Ao exaltar que a luta de
muitos militantes contra o regime militar valeu a pena em razão das
conquistas atuais da democracia, ele relatou episódio em que sobrevoou
de helicóptero junto com Dilma, o Quartel General em São Paulo, no qual
a ministra esteve presa durante a ditadura, e lembrou que, na ocasião,
Dilma comentou que não sentia raiva
"Sabe por que isso? Porque valeu a pena. Se alguém torturou a Dilma
achando que a luta tinha acabado, hoje ela é uma possível candidata à
Presidência da República", disse o presidente, sendo em seguida muito
aplaudido pelos presentes à solenidade
Em outro momento do seu discurso de improviso, ao se referir a Inês
Etienne Romeu, que foi premiada hoje e foi colega de luta
revolucionária da ministra Dilma, Lula disse: "A Inês lutava porque
queria ter liberdade no País. A Dilma lutava pela mesma coisa. Valeu a
pena". No início do seu discurso, Lula ainda brincou com a ministra
Dilma que pela primeira vez apareceu em público sem peruca, depois do
tratamento contra o câncer linfático. Segundo ele, o gesto foi uma
homenagem à Inês
Ao enfatizar que a luta de muitos, como a de Inês, valeu a pena, Lula
disse: "Minha querida Inês, só queria lhe dizer uma coisa: valeu a
pena. Cada gesto, cada choque que vocês tomaram. Valeu a pena tudo". Em
seguida, afirmou que não haverá mais retrocesso neste país"
Durante a solenidade, o presidente homologou a demarcação de 10 terras
indígenas - cinco no Amazonas, uma na Bahia, três no Pará duas em
Roraima e uma em Mato Grosso do Sul. "Por mais que a gente faça pelos
índios e negros neste país, a dívida é impagável. Não pode ser paga em
dinheiro. Tem que ser paga em gestos, atitudes, comportamentos. Em uma
aproximação entre várias gerações para que a gente vá criando um mundo
sem mágoas, ressentimentos", disse o presidente
Preconceito e hipocrisia
Durante discurso improvisado, Lula disse que o "preconceito e a
hipocrisia são doenças que precisam ser curadas". "Ninguém pergunta a
um negro, um pobre, um cego, um homossexual, na hora da eleição, o que
ele é. A pessoa quer o voto dele. A Receita Federal não quer saber se a
pessoa é negra, homossexual ou se é pobre. Quer é receber o imposto
devido", disse Lula
Ao destacar que as diferenças precisam ser respeitadas no país, Lula
lembrou de uma ocasião em foi autorizada a entrada de cães-guia no
Palácio do Planalto, em solenidade com deficientes visuais. "Nenhum
cachorro fez qualquer sujeira que muitos outros já fizeram dentro do
Palácio do Planalto", disse o presidente
O presidente citou ainda a realização da Conferência Nacional de
Comunicação, na semana passada, e disse que o resultado do evento foi
"excepcional". "Nenhuma política que levamos a cabo neste governo sai
da cabeça do Lula, do Alencar (vice-presidente José Alencar) ou da
Dilma (ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff). É a maturação
democrática do País", disse o presidente, completando que esse
movimento é importante "porque vai consolidando uma coisa com mais
segurança de que não vai aparecer ninguém com espírito aventureiro e
desmontar o que está sendo feito, sem levar em conta a sociedade".
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